segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Prefácio do livro "Nova Friburgo - contos, crônicas e declarações de amor"


Prefácio 

 "Jardins Suspensos" na serra
dentro da Serra do Mar,
é o céu mais perto da terra
que a gente pode encontrar...

Na palma da mão de Deus
fica Friburgo-a cidade
a quem ninguém diz adeus...
(Ao partir, se diz:saudade...)

(J G de Araujo Jorge)

Nova Friburgo está prestes a comemorar seu aniversário de 200 anos. Em 1818, o rei de Portugal, residindo no Rio de Janeiro decidiu, por decreto, criar uma localidade na serra fluminense para receber um grupo de colonos vindos da Suíça. 
A partir desse fato, tradicionalmente começa a se contar a história da cidade de Nova Friburgo. 
Inspirado por essa data comemorativa e a exemplo de iniciativas literárias semelhantes em outras cidades, o escritor George dos Santos Pacheco teve a ideia de reunir amigos escritores que desejassem exercitar seus talentos e escrever textos diversos em que a cidade fosse, de algum modo, o foco. Daí nasceu o livro "Nova Friburgo - contos, crônicas e declarações de amor", apresentado com uma bela capa de criação artística dos também escritores Carlos Abbud e Flavia Gonçalves. 

Nesta obra, os leitores encontrarão 
Alberto Lima Abib Wermelinger Monnerat que abre o livro, contando, em forma de relato, a vinda dos colonos suíços para Nova Friburgo, de acordo com o que a historiografia registrou; seu interesse é genuíno - ele mesmo descende de um desses colonos. 
Ana Beatriz Manier nos brinda com um conto ambientado na sala de aula do colégio "mais tradicional da Fribourg brasileira, como meu professor de francês faz questão de dizer". Fica a cargo da imaginação do leitor (ou do seu conhecimento) descobrir qual é, bem como se identificar com a narradora-personagem nas suas contradições adolescentes. 
Ania Kítylla traz um conto de suspense com pitadas de erotismo, cujo enredo se desenrola num bar em Nova Friburgo. Amor? Paixão? Traição? Esses e outros ingredientes vão preencher a imaginação do leitor. 
Anna Braga Asth nos relembra à noite da tragédia climática, em janeiro de 2011 que assolou a região serrana do estado do Rio e atingiu Nova Friburgo dramaticamente;  em sua crônica, a autora propõe uma reflexão de fé. 
Carlos Abbud nos traz um conto com gosto de melancolia quando nos reencontramos em pleno presente com um passado que, há muito distante, não pode retornar. Presente e passado na mesma Nova Friburgo; presente que segue e deixa o passado - outra vez - passar. 
Flávia Gonçalves trata de dúvidas e coragem no conto que faz referência a uma escola e a um shopping em Nova Friburgo. Sua história mostra uma personagem com medo de enfrentar seus próprios desejos e o seu encontro, ao acaso, com o incentivo que a encoraja. 
George dos Santos Pacheco surpreende com um conto que passeia entre o suspense e o terror, numa bela casa que se revela mal-assombrada no pacato distrito de Lumiar. O coração vai dá tranquilidade ao sobressalto em poucos parágrafos. 
Ordilei Alves pinta o livro com cores quentes apresentando um conto erótico cujos personagens - uma jovem e um homem maduro - reagem aos estímulos sensoriais numa narrativa excitante. 
Pela narrativa de Roberio Canto, podemos passar por vários locais de Friburgo enquanto a personagem, em fúria após uma briga com o namorado, trafega com seu carro de Furnas ao Cascatinha. Durante o trajeto, o narrador vai nos revelando os dramáticos sentimentos da personagem, numa intensidade que vai acompanhando o caminho trilhado. 
Solano DellaMuerte nos relembra o calcanhar de Aquiles de Nova Friburgo: os temporais que causam as cheias dos rios e os transbordamentos pelas ruas que, muitas vezes, além dos estragos materiais ceifam vidas. A narrativa é sobre os que ficam e o que fazem com os que se vão. 
A crônica de Tereza Cristina Malcher Campitelli é de grande beleza, retratando um local de Nova Friburgo cheio de verde, flores e cães - todos muito bem apresentados no texto, assim como os relatos com toques de doce nostalgia. 
Por fim, Thales Amaral nos lembra do mercado de flores de Nova Friburgo e as coloca de modo significativo no seu trágico conto de amor. 

Os nascidos e moradores de Nova Friburgo certamente reconhecerão os locais citados e terão sua própria memória afetiva estimulada, trazendo lembranças de momentos passados nesses lugares e ambientes. 
Aos que tiveram em mãos este livro e não tiverem ainda conhecido Nova Friburgo, talvez a leitura aguce sua curiosidade. 
Na cidade de tradição literária, onde renomados autores estiveram em momentos distintos e experimentaram escrever sob o agradável clima das montanhas; na cidade que anualmente recebe trovadores de todo o Brasil que expressam em versos seus sentimentos e divagações - nesta cidade, não poderia deixar de nascer uma obra que reunisse, em diferentes gêneros, escritores de várias idades para prestarem sua homenagem a Nova Friburgo. 
Que os leitores encontrem-se nas páginas deste livro, ao reconhecerem lugares, se identificarem com personagens e narradores e desfrutarem de uma leitura diversa em temas e enredos. 
Ganham os escritores; ganham os leitores - ganha Nova Friburgo, terra de todos nós. 

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