terça-feira, 16 de julho de 2013

Uma nova gravidez


Estou grávida. Ansiei pelo momento de confirmar essa nova gestação e vibrei quando recebi o resultado positivo. Havia me preparado cuidadosamente para chegar a esse momento. E anseio, agora, por viver essa experiência.
Não, não estou grávida de um bebê. Mas, com certeza, dentro de mim gero um novo filho. Não serão apenas nove meses – o tempo será bem maior do que esse e eu espero vivê-lo saudavelmente, a despeito dos percalços e surpresas possíveis em qualquer gestação.
Não estou grávida de gente. Deus me concedeu o dom de, há dez anos, engravidar pela primeira vez e, num curto espaço de tempo, a alegria de conceber duas crianças. Na semana passada, o primogênito completou nove anos de idade; seu irmão, o caçula, está com sete anos e meio.
Duas gravidezes bastante distintas entre si e vividas intensamente. Dois filhos crescendo saudáveis – física, emocional e mentalmente. Duas pessoas de bom coração, aprendendo tudo – a todo instante – e me ensinando muito – a todo tempo.
No final do mês passado, ‘fechei a fábrica’. Num procedimento que durou apenas uma hora, encerrei a possibilidade de ter mais filhos. A decisão foi adiada por muitas vezes. Um ano atrás, achei que era chegada a hora. Mas ainda levei mais um ano para conseguir ter a coragem de que necessitava. E veio na hora certa.

A despeito disso, estou grávida. Estou grávida de ideias, de pensamentos, de desejos. Estou grávida de planos futuros.
Já há algum tempo venho sonhando com a possibilidade de cursar o Mestrado. Não sei bem como nem porque esse sonho começou a nascer em mim, mas é, certamente, algo recente.
Desde que entrei no Cefet para fazer a pós-graduação, em 2011, isso começou a ficar latente em mim, como a mulher que sente em seu corpo que é a hora de ter um filho. Em 2012, quando recebi o edital do Mestrado no Cefet, decidi que tinha chegado a hora. Comecei a me preparar e vivi uma situação que me paralisou todos os sonhos. Apenas temporariamente.
Iniciei 2013 tendo certeza de que não deveria adiar mais isso. Preparei-me com dedicação e empenho, como quem vai fazer amor com toda a atenção, esperando que durante aquele ato – naquele momento, apaixonado e sagrado – uma semente seja plantada.
Fiz as provas com cuidado e capricho, como quem se prepara para o exame que vai trazer a resposta que se espera.
Ansiosamente, verifiquei o resultado no site da instituição. Senti-me como abrindo o envelope em que se encontrará o resultado ‘Positivo’, que indicará a gravidez. Sim, o resultado era ‘positivo’- eu passei!

Virão uma nova organização de rotina e novas expectativas. Será um período como aquele em que aguardamos as ultrassonografias para ver a carinha do bebê, saber o sexo, descobrir sobre a formação de seus órgãos. Enquanto isso, preparamos o quarto e o enxoval.
Talvez o Mestrado não tenha todo esse encanto da espera por um bebê. Mas, convenhamos, esse próprio encanto também tem seus dias de cansaço, desânimo, de alta ansiedade. Assim, talvez, a comparação ainda possa continuar fazendo sentido...


Seja como for, me sinto feliz, muito feliz! Que seja uma bela gestação, cercada de amor. Que o filho, ao final, seja belo e querido. E que essa semente frutifique da melhor forma!...

"Porque o futuro apenas existe numa dimensão fluida, quase liquida. 
Por vezes, ele desponta como se fosse um chão material e concreto. 
Na maior parte das vezes, porém, ele é frágil 
e nebuloso como uma linha de horizonte que se desfaz quando nos tornamos mais próximos." 
Mia Couto

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