sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Sei que nada será como antes


Uma imagem hoje me chamou a atenção, enquanto eu fazia minha caminhada. Uma grande área de grama verde, bem cuidada e, sobre ela, em algumas partes, um amontoado de folhas marrons caídas das árvores, devido ao grande vento da noite anterior.
A cena era muito bela. E me fez pensar na vida. O verde da grama bem cuidada é tudo que temos de bom e que procuramos revelar. Quando o fazemos com sinceridade e sem arrogâncias, é possível mostrar a melhor parte de nós mesmos, a despeito de termos uma outra que não é tão boa.
O marrom das folhas caídas é aquilo que chega até nós e que nos encobre algumas vezes, esconde nosso colorido e tira um pouco do brilho da vida: as dificuldades que fazem parte do viver. Assim como as folhas naturalmente caem sobre qualquer que seja o chão abaixo das árvores, quando chega seu tempo de cair, também chegam os momentos dos nossos ritos de passagem, que significam transformação e mudança.  
Enquanto estamos crescendo em anos de idade, sofremos, mas, a cada passagem, ansiamos pela próxima. Sair da infância, depois sair da adolescência e, por fim, chegar à fase adulta é uma grande fantasia. Todos desejam isso!
O difícil é depois que chegamos à vida adulta. Aí, esses “ritos de passagem” perdem um pouco da graça... Nem sempre nos parecem necessários. No entanto, nunca deixam de acontecer vida afora... Que pena que a “grama verdinha e bem cuidada” que alcançamos, além de precisar de cultivo contínuo, é, vez ou outra, encharcada de “folhas marrons”...
Mas as folhas não ficarão no chão para sempre. Pela mão de alguém ou pela ação da própria natureza, aquele chão, antes marrom, voltará a ser verde. É só deixar acontecer...
É o nosso crescimento constante. O sofrimento não é para sempre e haverá o tempo da acomodação daquela vivência para um novo momento a frente. “Sei que nada será como antes.”
Enxergar que estamos encobertos por algo assusta. É uma luta interna para sermos novamente o que éramos antes. Para vivermos novamente o que vivêramos antes. “Sei que nada será como antes” é uma lição dura de aprender...
O alvoroço no coração é grande. A vida nos vira de “pernas pro ar”... Mas, com uma boa dose de paciência é possível ver  “resistindo na boca da noite um gosto de sol”... Que seja uma esperança!

“Eu já estou com o pé nessa estrada
Qualquer dia a gente se vê

Sei que nada será como antes, amanhã
Que notícias me dão dos amigos?
Que notícias me dão de você?
Alvoroço em meu coração
Amanhã ou depois de amanhã
Resistindo na boca da noite um gosto de sol”

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