Uma imagem hoje me chamou a
atenção, enquanto eu fazia minha caminhada. Uma grande área de grama verde, bem
cuidada e, sobre ela, em algumas partes, um amontoado de folhas marrons caídas
das árvores, devido ao grande vento da noite anterior.
A cena era muito bela. E me fez
pensar na vida. O verde da grama bem cuidada é tudo que temos de bom e que
procuramos revelar. Quando o fazemos com sinceridade e sem arrogâncias, é
possível mostrar a melhor parte de nós mesmos, a despeito de termos uma outra
que não é tão boa.
O marrom das folhas caídas é aquilo
que chega até nós e que nos encobre algumas vezes, esconde nosso colorido e
tira um pouco do brilho da vida: as dificuldades que fazem parte do viver. Assim
como as folhas naturalmente caem sobre qualquer que seja o chão abaixo das árvores,
quando chega seu tempo de cair, também chegam os momentos dos nossos ritos de
passagem, que significam transformação e mudança.
Enquanto estamos crescendo em
anos de idade, sofremos, mas, a cada passagem, ansiamos pela próxima. Sair da
infância, depois sair da adolescência e, por fim, chegar à fase adulta é uma
grande fantasia. Todos desejam isso!
O difícil é depois que chegamos à
vida adulta. Aí, esses “ritos de passagem” perdem um pouco da graça... Nem
sempre nos parecem necessários. No entanto, nunca deixam de acontecer vida
afora... Que pena que a “grama verdinha e bem cuidada” que alcançamos, além de
precisar de cultivo contínuo, é, vez ou outra, encharcada de “folhas marrons”...
Mas as folhas não ficarão no chão
para sempre. Pela mão de alguém ou pela ação da própria natureza, aquele chão,
antes marrom, voltará a ser verde. É só deixar acontecer...
É o nosso crescimento constante.
O sofrimento não é para sempre e haverá o tempo da acomodação daquela vivência
para um novo momento a frente. “Sei que nada será como antes.”
Enxergar que estamos encobertos
por algo assusta. É uma luta interna para sermos novamente o que éramos antes.
Para vivermos novamente o que vivêramos antes. “Sei que nada será como antes” é
uma lição dura de aprender...
O alvoroço no coração é grande. A
vida nos vira de “pernas pro ar”... Mas, com uma boa dose de paciência é
possível ver “resistindo na boca da
noite um gosto de sol”... Que seja uma esperança!
“Eu já estou com o pé nessa estrada
Qualquer dia a
gente se vê
Sei que nada será
como antes, amanhã
Que notícias me dão
dos amigos?
Que notícias me dão
de você?
Alvoroço em meu
coração
Amanhã ou depois de
amanhã
Resistindo na boca
da noite um gosto de sol”
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