É interessante que quando falamos em
férias, nós, trabalhadores, pensamos imediatamente em “descanso”. É verdade que
deixar de lado a rotina das tarefas diárias é importante e faz um bem enorme!
Afastados dos afazeres cotidianos, refazemos nossas energias para o momento em
que precisaremos retornar a eles.
Para mim, no entanto, férias (e aqui
entram os feriados também) são períodos muito especiais. Trabalhar, quando
fazemos o que gostamos não esgota. Cansa, porque empenhamos energia e esforço
em nosso trabalho e isso precisa ser renovado. Bendito seja o final de semana,
então! Mas, às vezes, um tempo maior é necessário para abastecer o corpo dessa
energia; é preciso buscar preencher a alma – onde está nossa verdadeira fonte.
Ficar deitado, sem fazer nada é bom. Mas
não preenche a alma. Descansa o corpo. Relaxa. Mas depois de um tempo, cansa-se
de ficar deitado. Porque a alma necessita de algo mais.
Minha definição seria: “Férias: período
para se fazer o que se gosta, com o único compromisso de ser feliz!”. Sempre
faço muitos planos para as férias. Tenho livros para ler; músicas para ouvir;
paisagens para olhar; lugares para visitar; pessoas com quem conversar; textos
para escrever; receitas para cozinhar; filmes para assistir; jogos com meus
filhos para me divertir; e um enorme desejo de amar e ser amada (a qualquer
hora e em qualquer lugar). Tudo isso me
enche a alma de alegria e renova minhas forças para depois que as férias se
vão... Até que cheguem as próximas!
Alguém poderia perguntar se não há algo
dos meus planos que poderia ser realizado em outros períodos. Ou seja: é
necessário mesmo esperar as férias, já que elas demoram a chegar? E eu respondo
com convicção: sim, é necessário. É essa espera que dá às férias e a tudo o que
nelas se realiza um gostinho especial. É essa espera que controla nossas
emoções para aprender a viver o hoje e a esperar, sem angústia pelo amanhã. É
essa espera que ensina a preservar os bons momentos e a desejar que se repitam,
ao invés de querer que sejam modificados (descartados, como facilmente se faz
com tudo hoje). É essa espera que prepara emocionalmente para que se desfrute
do que se alcança.
Meus filhos já estão numa fase de ansiar
por suas férias. E, agora, fazemos juntos muitos planos. Para as férias de
julho, temos, em nossa cidade, o “Festival de Inverno”, com seus espetáculos de
Dança e Teatro e suas oficinas de Arte e Brinquedos – cultura, aprendizado e
diversão. E há os muitos momentos de ficar em casa, curtindo a cama da mamãe ou
o sofá da sala, vendo filmes juntos; o quintal a chamar para variadas brincadeiras;
a cabaninha no quarto; e mais o videogame e o computador, porque são da geração
do século XXI. Tem o cinema e as novidades da telona, com direito a pipoca. E
visita de/aos amigos, familiares, pessoas queridas. E tudo isso regado a
guloseimas: pipoca de microondas, bolinho de chuva, miojo. E, especialmente,
para as férias de final de ano e janeiro, temos o Sol: piscina, mar, cachoeira,
sol, sol, sol.
É claro que uma ou outra coisa de nossa
lista de férias acontece, sim, fora delas. Ou seria dizer que só cultivamos
cultura e lazer nesse período. O que quero dizer sobre as férias, porém, diz
respeito ao simbolismo, pois é isso que move a nossa existência. Gosto de olhar
para os significados, pois dão sentido aos significantes; os signos são a essência
da vida.
Percebo que enxergar o simbólico não é
algo óbvio nem fácil. Necessita-se cada vez mais do palpável, do prático, do
visual, do urgente. Aliás, a palavra urgente perdeu seu significado. Urgente é
tudo o quero agora, embora, na realidade “urgente é a situação em que há
necessidade de atendimento imediato, que não pode ser adiado ou retardado”.
Lendo com atenção, percebe-se que há muitas urgências que poderiam ser adiadas,
se não fosse uma super dose de egoísmo que povoa esse mundo. A carência do mundo,
essa sim é URGENTE! Carência de experiências significativas, carência de
vivências de amor, carência de doação de tempo, carência de autocontrole,
equilíbrio, temperança, domínio próprio.
Tenho urgência de viver! Isso NÃO pode
ser adiado. Às vezes dói, quase sempre é difícil, mas é muito bom... Se há
amor, é bom demais! E assim, vivo meus dias corriqueiros de
mulher-mãe-esposa-filha-professora-estudante, aprendendo e ensinando. E anseio
pelas férias e feriados, quando vivencio outras experiências que, com certeza,
iluminarão todas as demais.
Trabalho porque tenho um chamado e
porque preciso alimentar o corpo. Quando trabalho, porque tenho um chamado,
também alimento a alma. E quando o cansaço chega, promovo o descanso do corpo e
a renovação da alma, dia após o dia e, mais especial e intensamente, nas
esperadas e merecidas férias.
Querida Márcia
ResponderExcluirQue bela reflexão para começar um dia...
Amei!!
Férias controlam a emoção...
Você contribui muito para diminuir essa carência do mundo. Que o seu trabalho possa continuar enriquecendo a alma de todos que estão ao redor. Feliz novo ano! Sábias palavras de 2012, muito presente em 2018.
Um abraço,
Adriana Araujo
Obrigada, Adriana!
ExcluirPelo carinho, pelo respeito, pela amizade de longa data!...