Assisti hoje, pela primeira vez, ao
filme “Marley e Eu”. Já ouvira falar muito sobre a beleza e as estripulias do
cão do filme – o labrador Marley. Todo mundo que viu o filme se refere a esse
aspecto da obra. E nada havia me preparado para o que, de fato, é tratado na
história.
O cão é mesmo belo e suas estripulias – próprias
de um labrador – são de “chorar de rir” para quem está do lado de cá da
telinha; sim, porque para quem vivencia a experiência de ter um cão dessa raça,
a vontade é de chorar mesmo, de tristeza ou indignação. Já tive duas labradoras
no passado e a linda Mel, que desde fevereiro faz parte de nossa família, é
mais um exemplar. E, em poucos meses, já perdi a conta dos tapetes, chinelos,
panos de chão etc que foram comidos por ela. Além, é claro, das correrias
diárias em busca de retirar algo de sua boca que não deveria estar lá.
Mas o filme é MUITO mais do que isso. O
enredo trata de um casal que, pouco depois de se casar, decide ter um cachorro.
Ali, sua família começa a ser construída e o filme vai mostrar os anos
seguintes até a morte do animal, na sua velhice. Família, então, é a
palavra-chave. Sobre como se decide “construir” uma família, sobre sentimentos
e experiências compartilhados, sobre cumplicidade e lealdade, sobre amizade e
amor. E sobre o tempo e o que ele faz com cada indivíduo – com seus planos e
sonhos.
No filme, chegam os filhos (três!) e,
com sutil humor, mostra-se o drama da invasão de um bebê (e de cada um dos
outros, posteriormente) na vida de um casal. Do paradoxo que é ser mulher/mãe,
homem/pai. É sobre a vida e as escolhas a que somos obrigados constantemente. Sobre
decidir e a antítese (aqui não dá para ter as duas atitudes ao mesmo tempo,
embora, às vezes, os sentimentos sejam mesmo ambíguos e contraditórios)
desistir ou persistir.
O filme me tocou profundamente. Pelo
Marley, sim. Vê-lo morrer, ao final, da forma singela e bela como é retratado
no filme, com o rito vivenciado pelas crianças é emocionante...
Pelo casamento também, porque a história
mostra, também de forma simples, que sair descartando as pessoas porque algo
não vai bem nem sempre é a melhor saída; tentar consertar pode ser uma boa
ideia. E se houver amor, é a melhor e mais acertada. Hoje, quando completo onze
anos de casada, e diante das surpresas que a vida me reservou, essa é uma
mensagem especial para mim.
Confesso, porém, que o mais me mexeu
comigo foi a questão da família. Falava sobre isso semana passada com algumas
passadas: essa é A instituição. Sua cara pode ter mudado, mas ela continua
essencial para o crescimento de pessoas sadias – emocional, cognitiva,
cultural, moral, intelectualmente. E ainda depois de termos crescido, ela
continua sendo alicerce que precisa ser sempre cuidado, pois a base nunca pode
ser abalada. Como em todas as relações, numa família é preciso cultivar o amor
ou ele se perde em meio a obrigações e conveniências; esquecido, no fundo do
coração, a família adoece. A saúde da família adulta, mais do que na
convivência, está nos laços. E como há pessoas que criam nós...
Digo isso porque não sou o tipo de pessoa que fala com sua família todos os dias. Moro ao lado de minha mãe e irmã, mas é possível que passemos um ou dois dias sem nos falar. No último mês, no entanto, comprovei o que já percebera: esse distanciamento não nos separa. Os laços estão preservados.
Peço a Deus, todos os dias, sabedoria e
discernimento para transformar a relação de sangue que tenho com meus filhos em
relação de amor. Que eles saibam honrar pai e mãe, como diz a Bíblia, pois
creio que, assim, serão pessoas de honra. Mais do que isso, porém, que o amor
seja nossa aliança e que isso os ajude a crescer em “graça e sabedoria”, como o
Menino Jesus. Que o amor seja o seu conselheiro maior, pois “Deus é Amor” e
lhes conduza por caminhos de paz, mesmo nos momentos de dor.
Hoje, no aniversário do meu casamento,
quando, simbolicamente, foi iniciada uma nova família, minha oração é a de que
o amor que me uniu a Ricardo há onze anos mantenha-se forte na missão de cuidar
de Miguel e Augusto e a ajudá-los a serem seres humanos felizes – hoje e
sempre. E que esta família tenha seus laços fortalecidos, “na saúde e na doença,
na tristeza e na alegria”.
Amém!
“Um
cachorro não precisa de carrões, de casa grandes ou de roupas de marca.
Um graveto está ótimo pra ele.
Um graveto está ótimo pra ele.
Um cachorro não se importa se você é rico ou pobre,
esperto ou idiota,
inteligente ou burro.
inteligente ou burro.
Dê seu coração pra ele e ele lhe dará
o dele.
De quantas pessoas você pode falar isso?
Quantas pessoas fazem você se sentir raro, puro ou especial?
Quantas pessoas fazem você se sentir raro, puro ou especial?
Quantas pessoas fazem você se sentir
extraordinário?”
(Texto da última cena do filme “Marley e
Eu”)
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