Fui ao mercado esta semana e, ao finalizar as compras, a moça do caixa perguntou: “Quer pãozinho de Santo Antônio?”. Fiquei tão surpresa e feliz que disse “sim”. Não sem antes a moça ter de repetir a pergunta, de tão inesperada que aquela frase foi pra mim.
Reflexões: Educação, Vida e Contemporaneidade
Este blog foi criado para cumprir exigência de uma das disciplinas do curso de pós-graduação lato-sensu em Educação e Contemporaneidade, do CEFET-RJ, em Nova Friburgo. Cumprida essa etapa, ficou como espaço de reflexão sobre questões que me inquietam na educação dos meus alunos, dos meus filhos e a minha própria - constante e permanente.
segunda-feira, 14 de junho de 2021
Santo Antônio, gestos e memórias
domingo, 18 de abril de 2021
Dia Nacional do Livro Infantil – 2021 e a busca pela valorização dos livros
No Dia Nacional do Livro Infantil, no ano de 2021, fiquei pensando sobre muitas questões que ainda afetam a promoção da leitura literária no Brasil. Falo sobre meu país, pois é onde nasci, cresci, me formei, onde atuo profissional e continuo estudando. E a questão da literatura – e da leitura – me é muito importante. Aqui, nesta data celebrativa, temos sobre nós o pavor de um governo que deseja taxar livros... com uma nação que ainda precisa muito de incentivo, estímulo e efetivas públicas de valorização da leitura, da literatura, dos escritores e dos professores – esses tão importantes no papel de promover a leitura.
Fiz um vídeo brevíssimo, cujo link compartilho ao final deste texto, em que provoco pais, mães e demais familiares, assim como os professores a olharem para o lado e atentarem para a criança que têm por perto e lhes oferecer livros. Mais do que isso, pois não se trata de um simples incentivo ao consumismo desse objeto: a provocação é sobre ler para a criança e sobre ler para a criança; é sobre ter livros em casa e sobre não deixá-los empoeirados nas estantes; é sobre visitar bibliotecas a aprender a reivindicar mais espaços desses que verdadeiramente democratização a leitura, pois permitem o acesso a livros a quem não pode adquiri-los; é sobre visitar livrarias e prestigiar o comércio local e sobre olhar livros e saber escolhê-los; é sobre não usar como desculpas o preço de um livro e realmente estabelecer prioridades quanto às compras; é sobre enxergar como trabalhadores os bibliotecários, livreiros, escritores, ilustradores, editores e toda a enorme cadeia em torno do livro; é sobre a experiência estética e sinestésica que o objeto livro possibilita e que já jamais será alcançada por um documento em PDF (que, reunidos, formam a falsa “biblioteca virtual”); é sobre assistir a programas de promoção de leitura e participar de projetos literários.
É um vídeo curto, muito curto. São apenas algumas breves provocações. Eu desejo, no entanto, que sejam tão provocativas que gerem transformação.
Que às crianças seja oferecido o direito à leitura e à literatura e o acesso a livros. E que elas se tornem adultos que saibam fazer escolhas éticas, que tenham sua sensibilidade despertada, capazes de lidar com as próprias emoções e agir com ética e afeto e que possam atuar como cidadãos que busquem uma humanidade cada vez mais desenvolvida em prol da coletividade.
É muito? Sim. Utópico, talvez. Mas se a utopia serve para nos fazer caminhar, continuo na estrada, esperançando.
Nova Friburgo, 18 de abril de 2021
Márcia Lobosco
domingo, 21 de março de 2021
Sobre erguer um lar
Detesto mudar de casa. Deixar meu canto, começar tudo de novo. É tão difícil pra mim, que perco toda a minha capacidade de organização e minhas mudanças quase sempre são bagunçadas. Acho que faço um grande boicote, porque, de certa forma, não quero me mudar. Mas mudo, sempre que é preciso.
Já
mudei de casa várias vezes. Três mudanças, porém, deixaram cicatrizes em mim.
Uma ferida que dói sempre que é cutucada. Dor de separação não superada. Apesar
de toda a superação que efetivamente veio, trazendo uma vida boa e feliz. Mas
algo permaneceu triste para sempre. E tristeza dói.
Na
primeira vez eu era criança. Isso já tem quase quarenta anos. E eu sinto de
novo o coração apertar quando me lembro da notícia de mudança. Lembro as preocupações
que tive – “Será que nessa cidade tem correio?”. Sim, foi uma mudança drástica:
fomos morar em outro município, distante duas horas e meia da minha escola
amada, dos meus amigos queridos, da igreja que eu começara a frequentar. Como
eu conhecia bem o alento que proporcionado pelo carteiro chamando no portão
para entregar correspondência nova, pus nisto minha fé: tendo correio, vou
poder trocar muitas cartas! Era o poder da escrita que eu já conhecia, aos 10
anos de idade.
Adulta,
casada, com filhos, vinte e poucos anos depois dessa experiência, tive de,
novamente mudar de casa. Era na mesma cidade, pelo menos. Durante alguns anos,
voltava ao bairro antigo só para olhar para aquela casa – a casa amarela. Fora
construída no início do casamento, abrigou a família que se iniciava, foi
preenchida com alegrias de encontros, lágrimas de desencontros, chegadas e
partidas de filhos, desejos e muitos sonhos. Tinha encantamento de infância,
vivida plenamente em cada cômodo e nas brincadeiras sob o sol no quintal.
Poucos anos vivemos naquela casa. O suficiente, porém, para marcar as memórias
afetivas para sempre.
A
terceira mudança não é o que se entende por trocar de casa. Ninguém morava mais
nela, quando foi vendida. Mas efetivar a venda da casa pôs o ponto final da
história daquele lugar na minha vida. Aquela havia sido a casa construída por
meus pais com extremo esforço e erguida pouco anos depois de chegarmos à
cidade. Quando começamos a viver naquela residência, foi uma celebração
simbólica de que tudo havia dado certo, apesar dos percalços. Ali, as
esperanças se renovaram de que, sim, a escolha da mudança havia sido acertada.
Depois dali, houve ainda muitas dificuldades; a chuva de bênçãos, porém, foi
abundante. Mesmo o momento de saída de cada filha, os retornos e as
reviravoltas, foram vividos com intensas emoções e muita felicidade, ao final.
Até o dia em que não foi mais possível que houvesse ninguém na casa. Decisão
difícil; consequência das intempéries da vida – a casa, tão amada, virou
sinônimo de medo. Mas permaneceu ali, ainda por algum tempo, guardando algumas
das nossas coisas, e todas as nossas memórias sempre reavivadas em pequenas
visitas para buscar algo. Até o dia em que, felizmente (ah, esses paradoxos da
vida!...), apareceu um comprador e a casa foi vendida. Pra nunca mais.
Já
foram mudanças de casa. E sempre me atrapalho com isso. Dá preguiça, dá
desânimo, dá medo. Demoro a separar tudo, não consigo me organizar bem. Levo
meses na rearrumação. E, de repente, como se não tivesse havido nenhuma
dificuldade, a casa está com tudo em ordem e com a minha cara. E eu estou
feliz.
Mas...
há três cicatrizes. Eu as vejo. Estão ali para não me deixar esquecer. Lar é
construção diária. E tem mais a ver com pessoas e afetos do que com qualquer
outra coisa.
Márcia Lobosco
Nova Friburgo, 21 de março de 2021
Outono pandêmico (outra vez)
domingo, 7 de março de 2021
Peço aos céus para me proteger
A Pandemia da Covid-19 continua atingindo a muitos e ceifando vidas pelo mundo afora. No Brasil, um ano depois do primeiro caso detectado, os dados são terríveis. A vacinação, tardiamente iniciada se comparada a outros países, segue a passos lentos. E tudo ao nosso redor é assustador, grotesco, desalentador.
A despeito de toda a dor, medo, indignação, preocupação e até desânimo em muitos momentos, sigo pelas redes sociais falando sobre alegrias. Não é alienação. É a busca por trazer à tona experiências vividas que possam iluminar dias sombrios.
As tristezas que nos rondam fazem meu coração chorar. Todo dia.Sigo, então, buscando alento. Na fé. Na arte. Quase nunca é fácil. O esforço é grande para manter acesa a chama da esperança.
Lembrei-me de uma música que, desde o título, é o texto que eu queria para este momento. Ela se chama “Oração” e eu destaco seus primeiros versos:
Peço aos céus para me proteger
E eu não hei de ceder
Ao vazio desses dias iguais
Mal em mim nunca há de fincar
Mel em mim nunca há de findar
Olhos nus e atentos aos sinais
Faço fé para poder ver
A vida há de ser sempre mais
De engolir o sofrer
Contato vir a ter jamais
Com o invisível que paira no ar
Dos que querem ver sangrar
Ilumine, e que sigam em paz
Faço fé pra poder ver
A vida há de ser sempre mais
Se acaso a peste
A tempestade trouxer
Que ao se aproximar de mim, suma
Que no seu lugar
Nunca demore a brotar
A celeste semente do amor
Envolto por espirais
Num manto de azul-lilás
Conserve meus bens vitais e calor
Cuide para crescer
E enfim florescer a flor de cristal
Sobre nossos quintais
(Oração, composição de Dani Black)
domingo, 21 de fevereiro de 2021
Saberes e sabores
Saberes e sabores
sexta-feira, 24 de julho de 2020
A utopia das janelas
Este é um dos meus textos na publicação, a partir da foto em anexo.
quarta-feira, 22 de julho de 2020
Uma prece na janela
Este é um dos meus textos na publicação, a partir da foto em anexo.